Associação Mico-Leão-Dourado

epífitas. Foto: Luiz Thiago de Jesus/AMLD

A reintrodução de epífitas como estratégia de restauração ecológica na Mata Atlântica

A restauração da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados e biodiversos do mundo, é uma das ações prioritárias no planejamento estratégico da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) para a conservação da espécie. A Associação já implantou mais de 440 hectares do bioma na Bacia do Rio São João, no estado do Rio de Janeiro. Mesmo nos plantios bem sucedidos, entretanto, verifica-se um longo tempo para a ocorrência de diversas espécies não arbóreas típicas da Mata Atlântica. O enriquecimento florestal com epífitas pretende acelerar este processo. O projeto “Reintrodução de epífitas vasculares como estratégia de restauração florestal na Mata Atlântica” nasceu com esse objetivo.


A reintrodução deste grupo de plantas é um projeto pioneiro para a conservação do mico-leão-dourado e seu habitat, e conta com a participação e envolvimento de pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, UFRRJ e UENF, e dos viveiristas parceiros da AMLD nas comunidades do entorno.


Grupo hiperdiverso e abundante nas florestas neotropicais, as epífitas são plantas que se desenvolvem apoiadas em árvores, arbustos e cipós, utilizando-as como suporte, sem retirar nutrientes ou causar prejuízos. Esse inquilinismo estabelece relações ecológicas únicas com demais espécies da flora e fauna local, garantindo interações importantes inclusive para o próprio mico-leão-dourado. Além disso, cria microhabitats e aumenta a complexidade do ecossistema.


Para invertebrados e pequenos vertebrados, as epífitas, como certas bromélias, orquídeas e cactos, são fontes de alimento, abrigo e sítio de reprodução. Algumas espécies podem ter seu ciclo de vida inteiramente associado a essas plantas. É nas bromélias, por exemplo, que o mico-leão-dourado encontra água nos períodos de estiagem, e alimentos como frutos, pequenos anfíbios, insetos e aranhas que vivem entre suas folhas.


Apesar de serem comuns em florestas neotropicais, as epífitas podem levar décadas para colonizar áreas restauradas. Neste projeto, a AMLD irá realizar o enriquecimento com epífitas nativas da Mata Atlântica em 150,25 hectares de áreas protegidas onde se estabeleceram projetos de restauração nos últimos 25 anos, executados pela própria instituição ou parceiras.


O enriquecimento tem como objetivos aumentar a abundância e biodiversidade ao introduzir mudas de espécies-chave de quatro famílias delas – Araceae, Cactaceae, Bromeliaceae e Orchidaceae –, que desempenham importante papel para conservação e funcionamento dos ecossistemas em áreas de grande relevância biológica. A escolha das espécies se deu a partir de levantamentos nas bases de dados de herbários, identificando aquelas de maior ocorrência na região da Bacia do Rio São João.


Ao final do projeto, serão elaborados protocolos inovadores de reintrodução de epífitas que apresentem excelência científica, baixo custo e capacidade de replicação em larga escala tanto para outras áreas de Mata Atlântica quanto para florestas tropicais ao redor do mundo. Estima-se que cerca de 62 mil mudas de epífitas serão reintroduzidas nas áreas.


O presente trabalho está sendo desenvolvido no âmbito do Projeto Biodiversidade e Mudanças Climáticas na Mata Atlântica. O projeto é uma realização do governo brasileiro, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), no contexto da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, no âmbito da Iniciativa Internacional de Proteção ao Clima (IKI) do Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha (BMU), com apoio financeiro do KfW Entwicklungsbank (Banco Alemão de Desenvolvimento), por intermédio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO.


Leia mais: https://www.funbio.org.br/programas_e_projetos/mata-atlantica/a-reintroducao-de-epifitas-como-estrategia-de-restauracao-ecologica-na-mata-atlantica/

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