Associação Mico-Leão-Dourado

Micos-leões-dourados apreendidos no Togo voltam ao Brasil

A repatriação dos 17 micos apreendidos na costa do país africano foi concluída neste domingo (25). Animais passarão por exames de saúde e quarentena

Por Duda Menegassi

Compartilhe

Um grupo de 17 micos-leões-dourados e 12 araras-azuis-de-lear foi salvo do tráfico internacional. Os animais atravessaram o Oceano Atlântico em péssimas condições a bordo de um veleiro, mas foram interceptados no Togo, país da costa oeste africana. Na noite do último sábado (24/02), os micos e araras pousaram em solo brasileiro e passarão por quarentena para avaliar a condição de cada um.

 

O governo brasileiro mobilizou diversos órgãos (IBAMA, ICMBio, Polícia Federal, Itamaraty entre outros) e enviou um avião para resgatar os micos e araras, ambas espécies exclusivas do Brasil. As quatro pessoas que estavam a bordo do veleiro foram presas no Togo, onde vão responder por crime ambiental. A repatriação foi concluída no último domingo (25), quando o avião com os animais chegou em solo brasileiro. 

 

Toda a operação foi uma ação exemplar do Brasil e para que a repatriação fosse possível, formou-se uma enorme rede que atuou de forma integrada. Agora que os micos estão protegidos e sob cuidados adequados, é importante reconhecer o trabalho de todos. A Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) agradece:  

 

Ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, por respaldar todo esse processo;

 

Ao IBAMA e à Polícia Federal que realizaram a operação de resgate dos animais no Togo; 

 

Ao Ministério das Relações Exteriores, na figura do embaixador do Brasil no Togo, Sr. Nei Futuro Bitencourt que, além de cuidar de todos os procedimentos políticos, administrativos e legais no caso, demonstrou forte compromisso com a vida desses animais. Sr. Nei cuidou pessoalmente da saúde deles antes da chegada dos veterinários. Foram diversas conversas com a AMLD e autoridades brasileiras sobre alimentação e cuidados básicos. 

 

Ao Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Primatas do ICMBio, na pessoa da analista ambiental Mônica Montenegro, que acompanhou todo o processo e apoiou na identificação do melhor local para receber os animais, de acordo com o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas da Mata Atlântica e da Preguiça-da-coleira da (PAN PPMA);

 

Ao Zoológico de São Paulo, na pessoa da bióloga Mara Marques, responsável pelo manejo dos micos em cativeiro no Brasil;

 

À veterinária Juliana Junqueira do IBAMA, que esteve pessoalmente no local para tratar dos animais antes do embarque, mantendo comunicação permanente com profissionais ligados à AMLD e à rede de parceiros internacionais;

 

Ao Policial Federal “APF F.” (nome será mantido reservado) que também esteve no Togo e pelo seu empenho nas investigações em andamento;

 

À instituição brasileira que recebe os animais neste momento para a quarentena e que, por motivos de segurança, preferimos não citar o nome. 

 

À organização não governamental Freeland Brasil, na pessoa da Secretária Executiva Juliana Ferreira, parceira deste esforço desde o início;

 

À rede internacional de profissionais ligados a EAZA (Associação Europeia de Zoos e Aquários) que colabora com o ICMBio no manejo da população de micos-leões-dourados em cativeiro na Europa. Foi disponibilizado apoio ao governo brasileiro para enviar profissionais da região do Togo para atender estes animais na emergência. Felizmente o Brasil enviou técnicos a tempo e não foi necessária a presença de outros veterinários. Mas estiveram conectados online com a veterinária Juliana, do IBAMA, durante os atendimentos antes do retorno ao Brasil. São eles: Kristin Leus, de Copenhagen Zoo; Bryan Carroll, Bristol Zoological Society (UK);  Dominic Wormell, Tamarin Trust;  Andrea Dempsey, West African Primate Conservation Action Project Manager e  Hertfordshire Zoo (UK); Thierry Petit, Zoo La Palmyre, França.

 

À nossa parceira Save the Golden Lion Tamarin, nos Estados Unidos, com James e Lou Ann Dietz, que mobilizou a rede internacional de apoio.

 

A partir de agora, duas ações importantes devem ser realizadas. O primeiro passo é avaliar a saúde dos animais, passar pelo período de quarentena e estudar a possibilidade de serem reintroduzidos nas florestas. Alguns dos indivíduos apresentam as marcas de monitoramento que são feitas pela AMLD e que permitem identificar a localidade exata em que foram roubados das suas famílias. 

 

Os micos vivem em grupos familiares, sempre no mesmo território. Se conseguirmos identificar de onde saíram, pode ser possível que voltem para o lar. Mas a vida social desses animais é muito complexa. Não é possível simplesmente “abrir as gaiolas”, algo que todos gostaríamos de ver. Caso soltos isoladamente nas matas, eles podem não sobreviver. Por isso, as decisões serão feitas com base em todo o conhecimento científico acumulado nas décadas de trabalho com a espécie e no que é mais seguro para os animais. 

 

A segunda etapa é realizar uma articulação mais forte com autoridades de fiscalização para conter o tráfico de micos e outros animais silvestres. Esta foi uma das principais causas, historicamente, da redução dos micos na natureza, mas que parecia controlada há alguns anos. Infelizmente, os casos registrados desde o ano passado permitem afirmar que o tráfico voltou. Cabe ao governo brasileiro continuar atuando com firmeza para proteger nossa fauna e interromper esses crimes contra a biodiversidade brasileira.

 
VENHA VISITAR O PARQUE!