Associação Mico-Leão-Dourado

Mico-leão-dourado vai ganhar corredor entre duas maiores áreas de floresta

A Associação Mico-Leão-Dourado realizou a compra de uma propriedade que será restaurada para conexão e ampliação do habitat do mico-leão-dourado

Por Duda Menegassi

Compartilhe

Mico-leão-dourado vai ganhar importante corredor para unir mais de 20 mil hectares de floresta. Foto: Luiz Thiago de Jesus/AMLD

A missão de salvar o mico-leão-dourado da extinção depende diretamente da recuperação das florestas usadas por este pequeno macaco, exclusivo da Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro. Por isso, desde sua criação, a Associação Mico-Leão-Dourado atua na restauração florestal e na criação de corredores ecológicos que reconstruam uma paisagem viável para garantir o futuro da espécie. Em fevereiro (8), um novo passo foi dado: a compra de uma propriedade rural que permitirá o plantio de um corredor entre os dois maiores blocos de floresta da região em que vive o mico.

 

A Fazenda Santo Antônio está localizada no distrito de Gaviões em Silva Jardim e tem 103 hectares, situados no meio do Vale dos Patis,  na várzea do Rio São João, uma área de forte uso agrícola. As plantações criam uma barreira para circulação de animais entre os dois remanescentes de floresta. Somados, os dois blocos representam mais de 20 mil hectares de Mata Atlântica.

 

“A aquisição da Fazenda Santo Antônio é fundamental para o programa de conservação do mico-leão-dourado. Ela vai permitir a consolidação de um corredor florestal, depois que a Mata Atlântica for restaurada nesta propriedade, para conectar os dois maiores fragmentos florestais de Mata Atlântica de baixada – única área no mundo em que vive o mico-leão-dourado”, destaca o secretário executivo da AMLD, Luís Paulo Ferraz.

 

A compra foi feita com recursos de doação das organizações parceiras Rainforest Trust e DOB Ecology. Com o corredor que será criado em Patis, a AMLD ficará mais próxima de alcançar sua meta de ter 25 mil hectares de florestas protegidas e conectadas na Bacia do Rio São João, o habitat do mico-leão-dourado.

 

“É um passo decisivo para consolidar a paisagem de conservação do mico. E só foi possível com apoio de duas organizações parceiras muito importantes, a Rainforest Trust e a DOB Ecology”, continua o secretário executivo.

 

“O compromisso da Rainforest Trust em proteger o habitat de espécies endêmicas é demonstrado em nosso trabalho colaborativo com a AMLD. Esse projeto de conectar e proteger os dois maiores fragmentos florestais na paisagem do mico-leão-dourado é um marco significativo, e nós estamos empolgados pelo que conseguimos conquistar juntos. Nós somos gratos ao compromisso e dedicação inabalável da AMLD e muito animados pelo futuro do nosso trabalho conjunto”, afirma James Lewis, vice-presidente de Conservação da Rainforest Trust.

 

“Desde 2017 a DOB Ecology tem apoiado o duro e dedicado trabalho da AMLD para conectar, proteger e restaurar a Mata Atlântica, um dos locais mais biologicamente diversos da Terra, assim como um dos ecossistemas mais ameaçados. Nós estamos muito animados com esse novo projeto que irá conectar outros dois enormes fragmentos florestais”, conta a administradora sênior da DOB Ecology, Birgitte Laarakker.

 

O corredor florestal vai homenagear uma grande parceira da AMLD, a bióloga americana Jennifer Mickelberg, que faleceu em novembro de 2023. Jennifer trabalhava com a conservação do mico-leão-dourado há mais de 20 anos, era membro do conselho da organização internacional Save The Golden Lion Tamarin e responsável pelo manejo da população em cativeiro nos zoológicos internacionais.

 

A estratégia de restauração

 

Parte da propriedade já é coberta por Mata Atlântica, porém não existe conexão florestal de um lado ao outro do vale. Para consolidar este corredor ecológico será necessária a restauração de 44 hectares – o equivalente a 44 campos de futebol – de áreas degradadas e usadas até então para plantações agrícolas. Desses, 20 serão recuperados através do plantio direto de mudas. Os outros 24 serão restaurados através da regeneração natural, ou seja, a própria natureza se encarregará de trazer a floresta de volta através da dispersão de sementes feitas por animais.  

 

“Ainda que seja um corredor relativamente pequeno, ele vai ter um impacto importantíssimo na paisagem e é um passo decisivo para ajudar a salvar a espécie do risco de extinção. Ao permitir que diferentes grupos se encontrem na floresta a partir da conexão”, reforça o secretário executivo da AMLD.

 

O coordenador de Restauração Florestal da AMLD, Carlos Alvarenga, explica que a estimativa é de que, uma vez plantada, a floresta leve de 4 a 7 anos para ficar adequada à passagem dos micos.

 

O trabalho, entretanto, começa antes do plantio. “Primeiro vamos fazer a análise do solo e então começar a prepará-lo. Com correção de acidez do solo, se for necessária; o roçado; o controle de espécies invasoras, especialmente gramíneas; e a demarcação do espaçamento pro plantio. São 1.667 mudas por hectare e devemos usar de 40 a 50 espécies nessa área”, conta o coordenador e engenheiro florestal. Ao todo, serão plantadas mais de 33 mil mudas nativas da Mata Atlântica no corredor.

 

Para garantir o sucesso das mudas, será feita a manutenção da área durante 2 a 3 anos, com adubação para acelerar o crescimento e recobrimento da área. “Porque a grande competição é com o capim”, explica Carlos.

 

Toda a área vai ser monitorada desde o início, tanto para acompanhar o desenvolvimento do plantio, quanto para verificar o uso do corredor pela fauna, não apenas o mico-leão-dourado. Esse monitoramento será crucial para tomada de decisões, reforça o coordenador.

 

As áreas selecionadas para regeneração natural – devido a presença de arbustos, ao invés do solo nu, que caracterizam o início de um processo de recuperação – também serão monitoradas. “O monitoramento vai nos dizer se precisamos intervir com um enriquecimento daquela área ou não”, explica o coordenador.

 

Além disso, para garantir a proteção perene da floresta que será restaurada, a Associação Mico-Leão-Dourado transformará a propriedade em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), unidade de conservação de caráter privado que ficará sob gestão da AMLD.

 

 

***

 

 

Sobre a Associação Mico-Leão-Dourado  (AMLD)

 

 

A AMLD foi fundada em 1992 com o objetivo de coordenar a execução do programa de conservação do mico-leão-dourado. A organização se dedica a proteger a espécie e garantir sua sobrevivência a longo prazo em seu habitat natural, a Mata Atlântica. Para isso, implementa programas de pesquisa, educação ambiental, agricultura sustentável, ecoturismo, restauração florestal entre outros. Em 2023, a AMLD divulgou os resultados de um novo censo populacional da espécie, que estimou a presença de 4.800 micos-leões na região da Bacia do Rio São João, principal habitat da espécie e área foco de atuação da organização.

 

 

Saiba mais sobre a AMLD no site: www.micoleao.org.br

 

 

Twitter

Instagram

Facebook

LinkedIn

 

Sobre a Rainforest Trust

 

 

Desde 1988, o Rainforest Trust tem salvaguardado habitats tropicais em perigo e salvado espécies ameaçadas através do estabelecimento de áreas protegidas em parceria com organizações e comunidades locais. Com os seus parceiros, o Rainforest Trust protegeu mais de 18 milhões de hectares de habitat vital em toda a América Latina e Caribe, África e Ásia-Pacífico. Rainforest Trust é uma organização sem fins lucrativos que conta com o apoio generoso do público para implementar com sucesso a sua importante ação de conservação. A organização tem orgulho de receber uma classificação de 4 estrelas do Charity Navigator. 

 

 

Saiba mais sobre o trabalho da Rainforest Trust em: www.RainforestTrust.org

 

 

Twitter

Instagram

Facebook

LinkedIn

 

 

Sobre a DOB Ecology

 

 

DOB Ecology é uma organização holandesa sem fins lucrativos. A fundação foi iniciada por uma família empreendedora holandesa, cuja filantropia permite à fundação apoiar os parceiros e programas selecionados. A sua missão é apoiar parceiros e comunidades locais que trabalham para proteger e restaurar ecossistemas ameaçados. Ao fazê-lo, o seu foco principal está nas zonas úmidas e nas florestas. Além disso, o DOB apoia ativamente o desenvolvimento da ciência e da pesquisa de ponta relacionadas com a biodiversidade, os ecossistemas, a restauração e as alterações climáticas.

 

 

Saiba mais sobre a DOB Ecologia no site: https://dobecology.nl/ 

 
Uso agrícola da várzea do Rio São João cria barreira para a passagem dos animais de um lado ao outro do vale. Foto: Luiz Thiago de Jesus/AMLD
VENHA VISITAR O PARQUE!