Depois de décadas de trabalho, estudos, projetos, parcerias e com o engajamento de muita gente, esse cenário mudou bastante. A população de micos na natureza chegou a 3.700 indivíduos. Infelizmente, o surto de febre amarela, que eclodiu em 2017, vitimou cerca de um terço desta população, hoje estimada em 2.500 indivíduos.
Para recuperar a espécie no início dos esforços de conservação, uniram-se diversas organizações, do Brasil e do mundo. Ao todo, 146 animais foram trazidos de zoológicos do exterior e reintroduzidos na natureza. Um trabalho de alto risco e de muito sucesso, reconhecido mundialmente como uma experiência importante para salvar uma espécie da extinção. O grande problema hoje é outro: a falta de florestas.
Para garantir a sobrevivência a longo prazo, é necessário o acompanhamento permanente dos animais na natureza. A equipe de campo da AMLD faz o monitoramento de 19 grupos de micos para saber onde e como vivem, e com quais grupos eles se relacionam. Além de monitorar, é importante realizar, quando necessário, a translocação de indivíduos para evitar consanguinidade em populações pequenas. Esse trabalho tem a colaboração de mais de 100 proprietários rurais que participam do manejo da espécie. Sem eles, esse esforço seria impossível, já que as áreas protegidas públicas são muito reduzidas.
Sem esse manejo, populações isoladas de micos-leões-dourados não são viáveis a longo prazo. Por isso, a paisagem florestal da bacia do rio São João, habitat do mico, precisa ser restaurada para restabelecer o fluxo natural de indivíduos entre as populações restantes. A meta para garantir a viabilidade da espécie é alcançar uma população de 2.000 indivíduos numa área de 25.000 hectares de florestas conectadas até 2025.
Todo o trabalho é feito sob a coordenação científica da Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF) e com a aprovação de projeto pelo IBAMA, que permite o manejo da espécie.